A coroação amarga de uma rainha

O vice-campeonato do March Madness encerra a carreira universitária de Caitlin Clark

Victor Espínola
4 min readApr 7, 2024
Caitlin Clark deixa a quadra pela última vez como jogadora universitária (Reprodução: Iowa Athletics)

Um fenômeno jamais visto na história. Só assim podemos descrever a passagem de Caitlin Clark pelo basquete universitário feminino. Entre recordes de audiência, estatísticas, e shows dentro e fora de quadra, uma das melhores jogadoras a disputar o esporte da bola laranja se consagrou vice-campeã do March Madness 2024 da NCAA em sua última temporada no nível universitário.

Uma jornada de quatro anos marcada pela destruição de recordes que não eram alcançados em décadas. Caitlin Clark reescreveu a história. Duas vezes eleita Jogadora do Ano Naismith (2023, 2024), maior pontuadora da história da NCAA (3921 pontos), tanto no masculino quanto no feminino, quatro vezes eleita para a seleção All-American (2021–2024) e três vezes melhor jogadora da Big Ten (2022–2024), são alguns dos mais notáveis prêmios.

Além disso, fora de quadra, trouxe uma legião de novos torcedores para o basquete universitário feminino. Recordes de audiência na TV americana e ingressos mais caros do que jogos da NBA contam a história por si só. Desde a final do March Madness de 2023, quando Caitlin Clark e Iowa perderam para a LSU de Angel Reese, os jogos disputados por ela se tornaram os mais assistidos e mais caros dos Estados Unidos.

Iowa vs UConn pelo Final Four de 2024 (Reprodução: Yahoo Sports)

O último recorde na televisão, quebrado em Iowa vs UConn pelo Final Four de 2024, realizado na última sexta (5), teve uma audiência de 14.2 milhões de americanos na ESPN. O número é maior que todas as partidas da World Series da MLB, todas as partidas da Stanley Cup da NHL e todos os jogos da NBA nas últimas duas temporadas, incluindo as finais.

Sobre os preços dos ingressos, nem se fala. O mais caro para a final deste Domingo (7) batia a marca de 11 mil dólares. O mais barato, $400, mas que custava aproximadamente $130 antes da confirmação de que Iowa entraria em quadra.

Da mesma forma que chegou lá, Iowa sabia que teria que bater de frente com uma gigante. As Hawkeyes enfrentaram South Carolina, invicta na temporada, vencendo todos os 37 jogos que haviam disputados até hoje. Lideradas pela brasileira Kamilla Cardoso, natural de Montes Claros (MG), as Gamecocks eram favoritíssimas ao título.

Iowa foi superada novamente na final do March Madness (Reprodução: CNN)

E apesar do inicío avassalador de Iowa, que chegou a liderar por 11 pontos logo com 3 minutos de jogo, South Carolina mostrou o motivo dessa invencibilidade que não era vista a oito anos no basquete universitário (UConn, 2016, feminino).

Mesmo derrotada, Caitlin Clark anotou 30 pontos, 5 assistências e 8 rebotes em sua última dança no college. Uma carreira universitária de um talento que o fã de esporte só tem a elogiar e sentir a honra de assistir ao vivo.

O futuro da jogadora agora é na WNBA. Catilin Clark irá jogar no Indiana Fever, que possui a primeira escolha do Draft realizado ainda nesse mês. Além disso, Clark fará parte de treinos selecionados do Team USA para os Jogos Olímpicos e tem uma pequena chance de ser convocada para defender a sua seleção em Paris.

O vice-campeonato consecutivo de March Madness não apaga os feitos lendários de sua história, mas deixa um gosto amargo na boca daqueles que esperavam um final de conto de fadas. O maior legado de sua carreira já é ter mudado o esporte. E se existe uma jogadora que não precisa de troféu algum para coroar o seu sucesso, essa jogadora é Caitlin Clark. Aclamada pelo mundo do basquete, já fez o seu nome e será motivo de muita expectativa para o que vem por aí, seja defendendo as cores dos Estados Unidos em Olímpiadas e Copa do Mundo, ou de qualquer equipe na WNBA. Sua carreira está apenas começando.

O mundo do esporte agradece Caitlin Clark.

Caitlin Clark comemora vitória contra Ohio State na temporada regular de 2023–24 (Reprodução: USA Today)

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